EDITORIAL
AINDA CÁ ESTAMOS. “Como vai essa crise?” À pergunta para a qual já poucos têm paciência, a nossa resposta é: “Ainda cá estamos.” Com este número do J–A, completa-se a série de sete números que, como resultado de um concurso aberto aos membros da Ordem, nos foi confiada no final de 2012. Renovámos a estratégia editorial da revista e demonstrámos que, adequando os meios de produção às expectativas, o J–A não é um encargo financeiro relevante para a Ordem, sendo capaz de estimular confrontos saudáveis e de dar corpo a debates necessários.
16 035 KG
A Casa Girassol é um projecto com vários capítulos. É uma ideia maturada e concretizada em desenhos, maquetas e projectos. Como tantas outras arquitecturas de Pedro Bandeira, esta ideia – fazer uma casa rodar 360° – é pretexto para uma reflexão mais alargada sobre um dado tema arquitectónico e deu origem a várias versões.
‘WE ARE LOVE’
Há um festival de Verão que aposta na arquitectura como argumento forte da sua programação. Ao lado da música e da experiência colectiva que atrai milhares de pessoas a um mesmo lugar num mesmo momento, o Boom quer ser um instrumento de mudança, “criar uma realidade que se relacione de forma positiva com o meio ambiente e contribua para a educação e o conhecimento”.
MIGALHAS
No conto dos irmãos Grimm, a madrasta de uma família pobre planeia abandonar os irmãos Hänsel e Gretel durante um passeio pela floresta. Hänsel, ao descobrir os planos da madrasta, vai deixando cair migalhas de pão pelo caminho, na esperança de mais tarde conseguir regressar a casa; porém, não contava que os pássaros lhe petiscassem o trilho semeado, condenando o regresso ao fracasso.
METABOLISTAS NA AMADORA
Como tantas outras coisas nestes dias de país cinzento, também a arquitectura do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora entrou em 2013 no registo low-cost. Para sermos precisos, o custo da obra foi de 38,50 euros por metro quadrado em 2013 e 30,50 euros por metro quadrado em 2014, segundo os dados da nova equipa projectista.
NO BOSQUE SAGRADO
O Cinema Ideal fica em Lisboa, junto ao Bairro Alto. É a mais antiga sala de cinema do país, originalmente inaugurada em 1904. As suas instalações foram remodeladas recentemente com um projecto de José Neves, Prémio Secil 2012.
‘TUDO FEITO COM O MARTELO’
A Casa da Cultura de Pinhel foi inaugurada em Agosto de 2014, após uma primeira etapa de reabilitação do antigo Paço Episcopal. Trata-se de uma obra construída em 1783 que foi tendo outros usos ao longo do tempo: quartel militar, quartel da Guarda Nacional Republicana, esquadra da Polícia de Segurança Pública, externato e liceu, residência de estudantes e sede de empresas municipais.
EDITORIAL
A mudança sociológica que a arquitectura portuguesa viveu nos últimos vinte e cinco anos merece um balanço. Nem os arquitectos continuam a ser uma classe à parte no panorama das profissões – senhores de meia-idade, incompreendidos e marginalizados –, nem o contexto socioeconómico do país é propenso à retoma da indústria da construção. Uma vez ultrapassada a barreira dos vinte mil arquitectos, a proliferação de escolas de arquitectura parece ter acabado.
MATERIAIS: PRODUÇÃO, LABORATÓRIO, OBRA
Pensamento e construção consumam a tarefa elementar de juntar a matéria. Os materiais constituem um património da arquitectura e dão corpo à sua força enquanto expressão, forma e significado. Matéria-prima, processamento e transformação são operações que permitem aferir em que pé se encontram hoje as empresas que fabricam e comercializam o que dá substância à arquitectura. Fomos ao encontro dos engenheiros Ângela Nunes (Secil) e Nelson Cristo (Cevalor – Centro Tecnológico da Pedra Natural de Portugal) e dos arquitectos Tânia Teixeira e Nuno Grenha (Telheiro da Encosta do Castelo, Oficinas do Convento).
A SOLUÇÃO GLOBAL
A presença da arquitectura portuguesa além-fronteiras tem sido crescente, mas discreta. A construção da torre do Kempinski Rafal Centre, que arrancou este ano em Riade, é um sinal de que este padrão pode ser invertido. A visibilidade da operação, o volume construído e a assunção do desígnio global do projecto por um escritório português são marcos de uma forma de trabalho que ultrapassa a noção da exportação de arquitectura de autor.