José Vale Machado

O ESPAÇO EXÍGUO

Os dados preliminares do censo que este ano foi feito em Angola apontam para uma população de 24 milhões de habitantes, dos quais 6,5 milhões vivem na província de Luanda.

Mariana Pestana

CONTAR O EDIFÍCIO

No ano do centenário da Cooperativa dos Operários Pedreiros do Porto, o seu edifício acolheu o Technical Unconscious, um projecto dirigido por Gonçalo Leite Velho, com curadoria de Inês Moreira. O projecto resultou numa exposição que é uma espécie de redundância material: conta o edifício, no edifício, através do edifício.

Pedro Baía / Marta Labastida (Texto) / Augusto Brázio (Fotografia)

ONDE PÁRA O ENSINO

No presente ano lectivo, caiu drasticamente o número de candidatos aos cursos superiores de engenharia civil em Portugal. Na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, das 150 vagas disponíveis no Instituto Superior Técnico apenas foram ocupadas 82. Na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, com a mesma oferta, ficaram por preencher dois terços das vagas. A Universidade do Minho (50 vagas) e Coimbra (110 vagas) receberam cinco alunos cada uma. Entre a Universidade do Algarve (30 vagas), Aveiro (25 vagas) e Trás-os-Montes (30 vagas), ficou colocado um aluno. Se a tendência para a redução de alunos já era perceptível nos últimos anos, as colocações de 2014 tornaram evidente o problema. O que ensinar numa universidade sem alunos?

Nuno Grande

GULBENKIAN VS. LE CORBUSIER

A aparentemente inusitada fotografia das páginas 418-419 documenta um encontro entre várias personagens: Eusébio, jogador do Benfica (em cima), rodeado por elementos da Selecção de Futebol da República do Iraque, está também acompanhado pelo presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, José de Azeredo Perdigão (em baixo), em pose de inesperado “treinador”. Captada em 1966, a imagem marca o corolário de um notável processo de diplomacia institucional, levado a cabo por Azeredo Perdigão, em prol da concretização do complexo do grande Estádio de Bagdade; tão notável que, para o idealizar e edificar, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) se viu obrigada a ombrear com uma encomenda congénere feita anteriormente pelas autoridades iraquianas a Le Corbusier (LC), uma década antes da sua morte.

NUNO ALMEIDA

AQUI NÃO HÁ ORDEM, SÓ ORGANIZAÇÃO

Nas últimas décadas, o êxito da arquitectura holandesa não se ficou a dever (apenas) ao talento dos arquitectos holandeses. Nos anos de 1990, o investimento do Estado holandês na promoção da arquitectura foi amplo e estruturado, não se limitando à valorização de obras singulares que beneficiam escritórios de uma certa dimensão e/ou nome.

Pedro Campos Costa / Isabel Barbas (texto) / André Cepeda (fotografia)

NA TERRA DO FOGO

Construir na cratera de um vulcão é uma façanha destemida. O poder da paisagem parece ser avassalador e não deixar espaço para qualquer forma de arquitectura. Perante esse cenário, o projecto que venceu um concurso público em 2007 para a sede do Parque Natural do Fogo é uma combinação engenhosa de competência e processo.

N.º 250

EDITORIAL

Como se processa a transformação das formas urbanas e do território? A arquitectura integra um sistema de relações complexo, em que a sua expressão construída é como a ponta de um icebergue: não só é difícil aferir a sua escala, como a maior parte da sua massa está submersa.

Pedro Baía

FUNDAMENTALMENTE VENEZA

Um ponto fundamental da actual edição da Bienal de Arquitectura de Veneza é a valorização das práticas de investigação em teoria e história da arquitectura. Isto foi desde logo evidente no repto lançado por Rem Koolhaas quando propôs aos curadores dos pavilhões dos países representados uma reflexão sobre as diferentes assimilações da modernidade ao longo do último século, entre 1914 e 2014. Koolhaas lança a pergunta: até que ponto esta perspectiva histórica tem interesse operativo para a actual prática da arquitectura?

Diogo Seixas Lopes / Joaquim Moreno (Texto) / Valter Vinagre (Fotografia)

A LINHA CLARA

As palavras de Stravinsky parecem ecoar no trabalho de uma nova geração internacional de arquitectos. O trabalho do Fala Atelier também labora nesta nova arquitectura de restrições auto-impostas e formatos de trabalho ditados pela circulação e pela distância. A “linha clara” que esta nova arquitectura define é uma linha de sincronização, ou de paralelismo, entre princípios gerais e factos particulares, entre formatos e aplicações.

GABRIELA TAVARES

ARTEMOVSZK 38

Budapeste é uma cidade animada por uma intensa vida cultural. No entanto, a um observador mais atento não passará despercebida a quase total ausência de espaços de lazer à beira-rio. Esse mesmo observador concluirá, pelos muros altos que separam o Danúbio da cidade e que a defendem das invasões das águas em épocas de cheias, que tal falta se deve justamente a estas últimas, que impossibilitam qualquer projecto de contacto mais próximo e permanente com o rio.