Isabel Barbas / Ivo Poças Martins (TEXTO) + André Cepeda (FOTOGRAFIA)

Afinal Ainda Se Constrói

Diz-se que no passado o percurso típico de início de carreira de um arquitecto promissor se resumia em quatro passos: concluir o curso, estagiar num atelier, ensaiar-se em concursos públicos e, vencendo algum com certa dimensão, estabelecer um escritório em nome próprio. Esta realidade mudou radicalmente durante a última década. No panorama actual existem arquitectos a mais para concursos públicos a menos.

RICARDO LIMA (TEXTO) + Nuno Cera (FOTOGRAFIA)

Muda aos 5, acaba aos 10

Com o propósito de intervir sobre uma estrutura existente, os arquitectos foram convocados para desenvolver um projecto de recuperação e transformação de um armazém em recinto desportivo, equipado com dois campos de relva sintética. Sem a carga de intervir em património histórico (o armazém funcionava como depósito de materiais de construção), a obra assumiu um carácter experimental e livre de constrangimentos. Foi nessa perspectiva que o N10-II – na sequência de uma primeira experiência bem-sucedida entre o cliente e o atelier em 2004, o N10-I – assumiu a condição de “exercício construtivo de rápida execução”.

Joaquim Moreno

O centro ‘sexy’ ou Nova Iorque no Minho

Para quem chega pela primeira vez, o CAAA é uma fábrica pintada de preto. Como está a 30 segundos do shopping e o empedrado da rua em frente cheira a centro histórico, a demão de tinta na velha fábrica marca logo pontos na regeneração urbana, ou de modo mais congenial, na invenção de urbanidade.

Ana Reis

Futebol para a esperança

Em Cabo Verde, a iluminação pública é quase inexistente, e a viagem de Toyota Hiace da Cidade da Praia para o Tarrafal, à noite, faz-se emersa na escuridão e no bafo quente do ar húmido da ilha. Na manhã do dia em que se apresentou o projecto “20 Centres for 2010” no Tarrafal, a primeira

Pedro Campos Costa / Paulo Moreira (TEXTO) + Valter Vinagre (FOTOGRAFIA)

Noutra Costa da Caparica

O bairro das Terras do Lelo Martins existe mas não se vê. Está “camuflado” entre terrenos agrícolas na sombra da frente marítima densamente construída e a paisagem protegida da arriba fóssil da Costa da Caparica. A existência do bairro é um tema controverso, de difícil resolução. Trata-se de um assentamento de formação espontânea onde vivem aproximadamente 400 pessoas em casas autoconstruídas.

N.º 247

DEBATE A CÉU-ABERTO

O número 247 do Jornal Arquitectos foi apresentado publicamente na Costa da Caparica na passada sexta-feira dia 7 de Junho e no sábado, dia 8, houve nova apresentação no Porto, na garagem das casas de Álvares Cabral, num debate a céu-aberto. A publicação do segundo número da nova série do

Tiago Trigo

Morte e vida de um pequeno concurso

O modelo do concurso público é, em abstracto, um válido ditador de escolhas. Todavia, e sendo impossível determinar o mérito ou a qualidade absolutos, o concurso é também o representante de uma certa ilusão democrática que o poder político tem sabido explorar. O concurso, não raras vezes, apresenta uma ambiguidade valiosa: mediaticamente é democrático, e por isso legitimador da acção; operativamente é burocrático, e por isso anulador de tudo aquilo que se propõe representar.

N.º 247

EDITORIAL

A arquitectura está refém da sua suposta inutilidade. À falta de investimento na construção, as competências próprias da disciplina são tidas como dispensáveis. A urgência do quotidiano mobiliza recursos noutras direcções, e os arquitectos são instados a mudar de profissão ou a emigrar. Esta lógica é equívoca: a arquitectura não é apenas um saber instrumental à mercê das flutuações do mercado; a arquitectura é uma forma de conhecimento útil nas mais variadas circunstâncias. Só que a falta de encomenda, depois de anos de excesso da mesma, deixa a profissão num impasse que a fragiliza. Será que os arquitectos só servem para desenhar edifícios ou para coordenar planos de urbanização?

O Arquitecto espontâneo

Num cenário em que os desafios económicos e sociais são cada vez mais complexos, são também cada vez mais os arquitectos que iniciam a sua prática profissional fora de um contexto tradicional de encomenda. Quer isto dizer que iniciam os seus próprios projectos, angariam fundos para os realizar, negoceiam lugares para os implementar e encontram legislação que permita a sua construção. Esta realidade questiona as estruturas tradicionais da prática e do ensino da arquitectura. Fomos ao encontro dos Assemble, um colectivo de dezoito arquitectos, para perceber de que forma trabalham, que métodos usam e se voltarão à escola.

Marta Caldeira

As outras práticas da arquitectura

Os dados foram lançados e dobrou-se a aposta na formação teórica: a frente académica da east-coast americana promete reconfigurar o território disciplinar da arquitectura. De Yale ao MIT, passando por Harvard e Columbia, as principais escolas de arquitectura dos Estados Unidos levaram a cabo