André Tavares

CONTENTOR & CONTEÚDO

Os dedos das mãos não são suficientes para contar as instituições candidatas a assumir um papel de relevo na promoção cultural do património da arquitectura portuguesa contemporânea. Entre Porto e Lisboa, universidades e organismos do Estado, arquivos e museus, entidades privadas e fundações, a arquitectura e o seu legado cultural são constantemente convocadas para legitimar acções, financiamentos, programas de investigação e outras ambições muitas vezes surpreendentes.

Paulo Moreira

O EFEITO SEVILHA

A consciência ética dos arquitectos tem pautado o debate disciplinar da arquitectura. As transformações recentes da sociedade têm feito ressurgir essa discussão, sem que o seu sentido seja consensual no seio da classe profissional.

Diogo Seixas Lopes

OLHÒ ROBÔ

The Robotic Touch é um livro organizado por Fabio Gramazio, Matthias Kohler e Jan Willmann, que documenta a actividade da cátedra de Arquitectura e Fabricação Digital do Departamento de Arquitectura do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique (ETH).

Ivo Poças Martins

A escola-estaleiro em Covas do Monte

Num momento em que se debatem os limites de actuação dos arquitectos e em que proliferam, com mais ou menos reverberação mediática, exemplos de “práticas espaciais” a reboque dos eventos culturais das grandes capitais europeias, a iniciativa Terra Amada – que teve lugar no último Verão em Covas do Monte, próximo de Lafões – suscita um leque de questões que permitem alimentar o debate, escapando ao sobreaquecimento gerado pelos holofotes que iluminam a arquitectura hype.

Joaquim Moreno

Superpoderes ou Superpotências

Somos todos fãs dos Eames. Seja da poltrona para incapacitados do pós-guerra, que, na verdade, queríamos para ouvir música ou falar com o psiquiatra, seja dos cartões com imagens e ranhuras para os castelos de cartas passarem a ser pequenas arquitecturas de imagens, seja ainda da arquitectura pré-fabricada e standardizada da sua Case Study House, na Califórnia dos anos 50, é difícil encontrar alguém indiferente ao universo formal e imagético de Charles e Ray Eames.

Diogo Seixas Lopes

A Fábrica Que Viveu Duas Vezes

Edifícios & Vestígios é o título de um projecto desenvolvido no âmbito do Programa de Arte e Arquitectura de Guimarães 2012, Capital Europeia da Cultura. Inês Moreira, comissária (com Aneta Szylak) e investigadora, conduziu este trabalho, que resultou numa exposição e num livro. É do último que este texto trata, como registo do primeiro.

Álvaro Domingues

Agora que pensávamos que tínhamos tudo…

 O que será o municipalismo depois do emagrecimento do Estado? Em plenos anos de chumbo e de estagnação económica, retrocesso civilizacional e troika, é comum ouvirem-se vozes iluminadas sobre o despesismo e a corrupção, que só podiam dar nisto: um Estado sobredimensionado para uma tão

João Soares (TEXTO) + Vasco Célio (FOTOGRAFIA)

A minha cabana

No extremo sudoeste da Europa, na ponta de Sagres, foi construída há pouco tempo uma pequena habitação “à moda antiga”. O autor, arquitecto paisagista de formação, é percebeiro e pescador. A casa, simples, desafia lugares-comuns de alguns temas quentes da arquitectura contemporânea, desde questões de linguagem e de sustentabilidade, à reutilização de técnicas construtivas tradicionais e instrumentos da prática do projecto. Na sua simplicidade, a casa resolve de uma assentada vários dilemas existenciais, sobretudo porque corresponde à materialização transparente dos desejos íntimos do seu dono.

Pedro Levi Bismarck

A TIRANIA DO GOZO

Se há alguma coisa em que os actuais centros comerciais se tornaram exímios foi no modo astuto como aprenderam a trabalhar o que podemos chamar excedente de gozo (o plusde-jouir) do desempenho cénico, algo que a burguesia desde cedo aprendeu a apreciar na grande escadaria oval da Ópera de Paris. Afinal, o verdadeiro centro do edifício de Charles Garnier não era o palco nem a sala, mas a antecâmara onde a nova burguesia recém-chegada ao poder observava e era observada com satisfação e deleite.

Pedro Campos Costa

A HISTÓRIA DO FUTURO*

Sempre houve relações entre a arquitectura e as vanguardas tecnológicas, seja na construção e no estaleiro de obra, seja na configuração do projecto e dos seus modos de representação. Essa presença constante no processo arquitectónico, da concepção à utilização, torna ambígua a fronteira entre os dois mundos, ao ponto de não ser possível distinguir se é a tecnologia que influencia a arquitectura ou se é a arquitectura que domestica a tecnologia, incorporando-a na sua disciplina.