VICTOR CARAMUEL

O negócio é o seguinte

São Paulo é uma cidade colossal e está a crescer no preciso instante em que escrevo esta crónica. Não vou falar aqui das razões do seu crescimento mas apenas relatar uma das formas em que está a acontecer. O negócio é o seguinte: um escritório de projecto, como tantos outros, recebe mais

Nelson Mota

É de génios que precisamos agora?

Num dos momentos mais marcantes do documentário My Architect. A Son’s Journey, um antigo colaborador de Louis Kahn fica indignado com o tempo que o realizador do filme prevê para mostrar o edifício da Assembleia Nacional do Bangladeche, em Daca. “Dez minutos?”, pergunta Shamsul Wares ao entrevistador, e acrescenta emocionado: “Não se pode tratar um edifício destes assim! Kahn deu-nos a democracia… Ele deu-nos a instituição para a democracia a partir da qual nos pudemos erguer.”

Isabel Barbas / Diogo Seixas Lopes (texto) + Nuno Cera (fotografia)

A arquitectura ainda pode ser pública?

Museu dos Coches, Lisboa. Projecto de Paulo Mendes da Rocha  O projecto do novo Museu dos Coches foi lançado em 2008 para fazer coincidir a inauguração do edifício com as comemorações do Centenário da República em 2010. Este Inverno visitámos o estaleiro da obra, na zona ribeirinha de

André Tavares / Ivo Poças Martins (texto) + André Cepeda (fotografia)

Arquitectura ‘low-cost’

O turismo na cidade do Porto está em franca expansão. Nos últimos oito anos, o número de hóspedes recebidos aumentou quase 50%, valor assinalável em comparação com os 30% do total nacional. Essa transformação da paisagem económica da cidade está a ter um impacto substancial na dinâmica da sua estrutura edificada e, naturalmente, na prática da arquitectura. Um aspecto peculiar dessa transformação decorre do turismo low-cost, cuja relevância é cada vez mais substancial a avaliar pelo crescimento exponencial dos voos operados por companhias desse segmento no aeroporto da cidade. Em paralelo, nos últimos anos tem crescido a oferta de alojamento económico no centro histórico da cidade, entre hostels, guest-houses, apartments, town-houses e bed&breakfasts, não falta oferta para dormir confortavelmente segundo um padrão diferente da noite de hotel. O êxito destes empreendimentos parece residir num contra-senso, o facto de não serem classificados como turismo e de se albergarem sob a figura do Alojamento Local.

N.º 246

Editorial

Este número assinala uma renovação do J–A. Queremos reagir positivamente a uma situação social complicada e demonstrar que a arquitectura e as suas múltiplas formas de conhecimento são úteis na transformação da sociedade. A estratégia editorial assenta em cinco pontos: (1) uma revista

Joaquim Moreno (texto) + Tiago Casanova (fotografia)

Na Terra dos Sonhos

Rem Koolhaas, no livro Delirious New York, reconstitui o parque da Terra dos Sonhos de Coney Island, o laboratório do Manhattanismo, através de uma cartografia intuitiva do inconsciente. O edifício das incubadoras, a secção número 7 desta cartografia, é o campo de treino da metrópole que

Ivo Oliveira

Um destino cego para a casa da Justiça

No passado mês de Junho, o Ministério da Justiça tornou públicas as “Linhas Estratégicas para a Reforma da Organização Judiciária”. As “Linhas Estratégicas” propostas têm o objectivo paradoxal de promover uma maior concentração da oferta judicial sem prejuízo da

MARIANA PESTANA

Veneza Lusófona

Assiste-se hoje à emergência de novos modelos no que diz respeito à prática da arquitectura. A noção de obra, bem como a posição e legitimidade do seu criador, está a ser questionada por arquitectos que abrem novos caminhos e reinventam a sua profissão. A ideia do arquitecto-autor que concebe e constrói grandes obras está a dar lugar a outras noções de prática arquitectónica que compreendem trabalhos multi-autorais e transdisciplinares. Este debate surgiu em muitas conversas, porque em poucas paredes e plintos, durante a décima terceira edição da Bienal de Arquitectura de Veneza, que aconteceu em 2012 sob a direcção do arquitecto David Chipperfield.

José Cláudio Silva

Jakarta ‘Bling Bling’

A única opção para a viagem do aeroporto até ao centro de Jakarta é o automóvel. A fluidez do trânsito é muito reduzida, por vezes quase nula. No percurso atravessam-se bairros de lata que se estendem até se perderem de vista no horizonte plano e perceptivelmente poluído da metrópole. O

ALEXANDRA AREIA

Souto de Moura no Cinema

Reconversão é um filme sobre granito. O filme começa com um grande bloco a ser extraído de uma pedreira e com todo o seu peso a ser pousado por um caterpillar no reboque de um camião. Enquanto o bloco é cortado e transformado em placas, uma voz-off explica-nos, com o seu sotaque americano, que “Portugal is two countries, two civilizations: in the south, clay; in the north, granite”. Esta afirmação serve para pôr o espectador perante o argumento central do filme: a arquitectura de Souto de Moura funda-se como uma parede de granito. Pesquisador obsessivo, Thom Andersen quer saber porque é assim que Souto de Moura constrói a sua arquitectura, e Reconversão é a materialização cinematográfica dessa investigação.