Tiago Trigo

Morte e vida de um pequeno concurso

O modelo do concurso público é, em abstracto, um válido ditador de escolhas. Todavia, e sendo impossível determinar o mérito ou a qualidade absolutos, o concurso é também o representante de uma certa ilusão democrática que o poder político tem sabido explorar. O concurso, não raras vezes, apresenta uma ambiguidade valiosa: mediaticamente é democrático, e por isso legitimador da acção; operativamente é burocrático, e por isso anulador de tudo aquilo que se propõe representar.

N.º 247

EDITORIAL

A arquitectura está refém da sua suposta inutilidade. À falta de investimento na construção, as competências próprias da disciplina são tidas como dispensáveis. A urgência do quotidiano mobiliza recursos noutras direcções, e os arquitectos são instados a mudar de profissão ou a emigrar. Esta lógica é equívoca: a arquitectura não é apenas um saber instrumental à mercê das flutuações do mercado; a arquitectura é uma forma de conhecimento útil nas mais variadas circunstâncias. Só que a falta de encomenda, depois de anos de excesso da mesma, deixa a profissão num impasse que a fragiliza. Será que os arquitectos só servem para desenhar edifícios ou para coordenar planos de urbanização?

Trabalhar Além-Mar

Com a escassez de encomenda pública e privada em Portugal, muitos arquitectos têm procurado trabalho em territórios além-mar. Neste processo, Angola e Moçambique, países de língua oficial portuguesa, destacam-se como mercados apetecíveis para as indústrias de transformação do território.

O Arquitecto espontâneo

Num cenário em que os desafios económicos e sociais são cada vez mais complexos, são também cada vez mais os arquitectos que iniciam a sua prática profissional fora de um contexto tradicional de encomenda. Quer isto dizer que iniciam os seus próprios projectos, angariam fundos para os realizar, negoceiam lugares para os implementar e encontram legislação que permita a sua construção. Esta realidade questiona as estruturas tradicionais da prática e do ensino da arquitectura. Fomos ao encontro dos Assemble, um colectivo de dezoito arquitectos, para perceber de que forma trabalham, que métodos usam e se voltarão à escola.

Marta Caldeira

As outras práticas da arquitectura

Os dados foram lançados e dobrou-se a aposta na formação teórica: a frente académica da east-coast americana promete reconfigurar o território disciplinar da arquitectura. De Yale ao MIT, passando por Harvard e Columbia, as principais escolas de arquitectura dos Estados Unidos levaram a cabo

ELIANA SOUSA SANTOS

‘MNEMOSYNE’ de uma nota só

A exposição ARX arquivo/archive mostra a obra do atelier liderado pelos irmãos Nuno e José Mateus. É a segunda exposição monográfica dedicada ao trabalho dos ARX Portugal no Centro Cultural de Belém, a primeira – Realidade-Real –, em 1993, foi uma das mostras que inauguraram o CCB. Naquele momento, apresentada em paralelo com a exposição O Triunfo do Barroco – que se ofereceu como grande celebração do passado e apresentou Portugal à União Europeia –, a exposição apresentada pelos ARX celebrava o futuro: mostrava o trabalho de um atelier muito jovem e com uma forte influência internacional.

Rui Mendes

Um mundo de alegria 30

Em desenvolvimento pelo pelouro da Mobilidade do município de Lisboa, o projecto “Zona 30” é enunciado com referência a uma carta das Nações Unidas de 2007, sob a premissa de que “uma cidade segura é uma cidade justa”. Os objectivos do projecto são reduzir a velocidade de circulação automóvel no interior da cidade, reduzir a poluição sonora e ambiental e garantir mais segurança rodoviária. Na sequência de experiências já realizadas noutras cidades europeias, Lisboa prepara-se para aderir ao projecto “Zona 30” e, assim, ser também “mais europeia”.

André Tavares / Pedro Baía (TEXTO) + Helder Sousa (FOTOGRAFIA)

Sonhar O Impossível, Não Fazer O Possível

Não faltam provérbios. “Casa de ferreiro, espeto de pau” seria uma hipótese, embora o projecto de arquitectura para o edifício da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos tenha sido exemplar, resultando de um concurso público amplamente participado – os então “novíssimos” NPS Arquitectos desenvolveram as várias fases do projecto, responderam a todas as solicitações do cliente, cumpriram prazos, ou seja, demonstraram que os concursos são uma forma privilegiada de distribuição de encomenda com vantagens ao nível do debate e da clarificação de soluções.

Lançamento do n.º 246

Durante uma pequena trégua da chuva que se fez sentir em Lisboa, no passado sábado dia 30 de Março, o Jornal Arquitectos n.º 246 (J-A para os amigos) foi apresentado no cinema São Jorge. Depois de a maioria dos textos terem sido progressivamente disponibilizados on-line e de a revista ter sido

Rui Mendes (texto) + Valter Vinagre (fotografia)

O património a quem o quer usar

Edifício na Rua dos Fanqueiros, Lisboa. Atelier José Adrião … habituámo-nos a julgar a obra à luz da adequação face ao aparato, talvez seja tempo de começarmos a julgar o aparato à luz da sua adequação face à obra. Bertolt Brecht, 1930 O Prémio Vasco Vilalva, instituído pela