Alexandra Areia

PRIMEIRO OS SANTOS

Por formação e experiência, os arquitectos possuem um conhecimento muito específico sobre o mundo habitado, embora nem sempre sejam bem-sucedidos em comunicar essa visão a um público mais alargado. Poderiam ser agentes efectivos de uma transformação cultural, na maneira como o nosso território é ocupado e gerido; mas, porque os seus discursos raramente extravasam os círculos de debate disciplinar, os arquitectos tendem a tornar-se ineficazes. Uma pergunta faz sentido para contrariar esta tendência: como tornar visível um pensamento crítico de arquitectura? Para procurar uma resposta, vale a pena observar um encontro, que é frequente, entre antropologia e cinema

André Tavares

RETRATO DE UMA ÉPOCA

Entre 2009 e 2012, nas páginas centrais deste mesmo J–A, regozijávamo-nos com os cartoons do arquitecto Pedro Burgos, crónicas desenhadas que respondiam aos desafios temáticos levantados pela revista.

Joaquim Moreno

O centro ‘sexy’ ou Nova Iorque no Minho

Para quem chega pela primeira vez, o CAAA é uma fábrica pintada de preto. Como está a 30 segundos do shopping e o empedrado da rua em frente cheira a centro histórico, a demão de tinta na velha fábrica marca logo pontos na regeneração urbana, ou de modo mais congenial, na invenção de urbanidade.

Tiago Trigo

Morte e vida de um pequeno concurso

O modelo do concurso público é, em abstracto, um válido ditador de escolhas. Todavia, e sendo impossível determinar o mérito ou a qualidade absolutos, o concurso é também o representante de uma certa ilusão democrática que o poder político tem sabido explorar. O concurso, não raras vezes, apresenta uma ambiguidade valiosa: mediaticamente é democrático, e por isso legitimador da acção; operativamente é burocrático, e por isso anulador de tudo aquilo que se propõe representar.

ELIANA SOUSA SANTOS

‘MNEMOSYNE’ de uma nota só

A exposição ARX arquivo/archive mostra a obra do atelier liderado pelos irmãos Nuno e José Mateus. É a segunda exposição monográfica dedicada ao trabalho dos ARX Portugal no Centro Cultural de Belém, a primeira – Realidade-Real –, em 1993, foi uma das mostras que inauguraram o CCB. Naquele momento, apresentada em paralelo com a exposição O Triunfo do Barroco – que se ofereceu como grande celebração do passado e apresentou Portugal à União Europeia –, a exposição apresentada pelos ARX celebrava o futuro: mostrava o trabalho de um atelier muito jovem e com uma forte influência internacional.

Rui Mendes

Um mundo de alegria 30

Em desenvolvimento pelo pelouro da Mobilidade do município de Lisboa, o projecto “Zona 30” é enunciado com referência a uma carta das Nações Unidas de 2007, sob a premissa de que “uma cidade segura é uma cidade justa”. Os objectivos do projecto são reduzir a velocidade de circulação automóvel no interior da cidade, reduzir a poluição sonora e ambiental e garantir mais segurança rodoviária. Na sequência de experiências já realizadas noutras cidades europeias, Lisboa prepara-se para aderir ao projecto “Zona 30” e, assim, ser também “mais europeia”.

Ivo Oliveira

Um destino cego para a casa da Justiça

No passado mês de Junho, o Ministério da Justiça tornou públicas as “Linhas Estratégicas para a Reforma da Organização Judiciária”. As “Linhas Estratégicas” propostas têm o objectivo paradoxal de promover uma maior concentração da oferta judicial sem prejuízo da

MARIANA PESTANA

Veneza Lusófona

Assiste-se hoje à emergência de novos modelos no que diz respeito à prática da arquitectura. A noção de obra, bem como a posição e legitimidade do seu criador, está a ser questionada por arquitectos que abrem novos caminhos e reinventam a sua profissão. A ideia do arquitecto-autor que concebe e constrói grandes obras está a dar lugar a outras noções de prática arquitectónica que compreendem trabalhos multi-autorais e transdisciplinares. Este debate surgiu em muitas conversas, porque em poucas paredes e plintos, durante a décima terceira edição da Bienal de Arquitectura de Veneza, que aconteceu em 2012 sob a direcção do arquitecto David Chipperfield.

ALEXANDRA AREIA

Souto de Moura no Cinema

Reconversão é um filme sobre granito. O filme começa com um grande bloco a ser extraído de uma pedreira e com todo o seu peso a ser pousado por um caterpillar no reboque de um camião. Enquanto o bloco é cortado e transformado em placas, uma voz-off explica-nos, com o seu sotaque americano, que “Portugal is two countries, two civilizations: in the south, clay; in the north, granite”. Esta afirmação serve para pôr o espectador perante o argumento central do filme: a arquitectura de Souto de Moura funda-se como uma parede de granito. Pesquisador obsessivo, Thom Andersen quer saber porque é assim que Souto de Moura constrói a sua arquitectura, e Reconversão é a materialização cinematográfica dessa investigação.

BRUNO BALDAIA

Arquitectura em Guimarães 2012

A programação de arte e arquitectura de Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura foi coordenada por Gabriela Vaz-Pinheiro e procurou relacionar o contexto local e regional com outros contextos. Sobretudo com contextos imateriais que nos ocupam cada vez mais a vida. Trazer arte e