Uma cultura que não se faz apenas de obras e projectos
Como todas as profissões, a arquitectura é uma forma de saber. Ser arquitecto é partilhar uma certa forma de ver o mundo, capaz de tirar partido do espaço, da cidade, das tecnologias construtivas, dos instrumentos de representação e de outros aspectos do conhecimento disciplinar, contribuindo para uma sociedade mais culta e qualificada. Na viragem do século, com a expansão do ensino da arquitectura e a escassez da encomenda, muitos arquitectos encontraram trabalho noutras profissões, em sectores variados, do imobiliário à cultura. Se tomarmos o exemplo daqueles que se dedicaram à culinária ou às telenovelas, não são explícitas as repercussões da formação académica no contributo para o exercício dessas profissões. Mas, em muitos casos, a formação de base e alguns anos de prática de projecto e obra moldaram uma forma de saber útil e partilhável.
Esta reportagem, que oferece um panorama naturalmente limitado e circunstancial, pretende contribuir para um retrato dos arquitectos portugueses. Um retrato que encontra na não-exclusividade profissional um novo recorte social de uma forma de saber. Talvez essa distribuição e abrangência tenha como resultado progressos substanciais no modo como a arquitectura é recebida e produzida num espectro social alargado. A presença de profissionais com formação em arquitectura noutras áreas de actividade pode ter repercussões positivas nas formas de encomenda, nos processos de legitimação, no reconhecimento e debate das soluções de transformação da cidade e do território. Mais do que uma forma de concorrência desenfreada, a arquitectura desempenha hoje um papel preponderante na sociedade.
A dispersão do saber disciplinar da arquitectura por múltiplas frentes terá, seguramente, um retorno positivo para o núcleo duro da disciplina, ou seja, para o exercício do projecto e a transformação do ambiente construído. Esta dispersão tem implicações objectivas no modo de organização da profissão e, para que os seus efeitos não sejam a dispersão de um corpo de conhecimento, obriga a repensar e a consolidar as formas de sociabilização e partilha dentro do grupo profissional. Se os arquitectos sempre conseguiram surpreender outras profissões pela capacidade de mobilização e cultura de classe – todos falamos uma língua estranha, aparentemente de fácil compreensão pelo comum dos mortais, mas efectivamente incompreensível –, a unidade que era o garante da sua força – num tempo em que havia poucos arquitectos – corre riscos de desagregação, uma vez que os modos de exercício profissional se diversificam e ampliam. Os problemas e dilemas de exercícios profissionais alternativos à prática do projecto são distintos. Ao afastarem-se, geram novas formas de comunicação e de resolução de problemas. O que estes retratos nos mostram é a necessidade de garantir não apenas a articulação dessa cultura com o núcleo da prática de projecto, mas a necessária humanidade desse saber.
Há uma certa tendência para negar a existência e o valor do contributo de quem envereda por outros caminhos, tendência que tem como resultados a constituição, mais ou menos imaginada, de dissidências e exclusões. A posição marginal – não explícita mas tantas vezes pressentida – dos arquitectos municipais no corpo profissional da arquitectura é um exemplo precoce de como tais conflitos se vão conformando. E, como em tantos casos, apesar de se tratar de uma diferenciação de interesses e objectivos profissionais, à partida partilham-se os mesmos fundamentos culturais e disciplinares.
São as pessoas que fazem as instituições, e é a capacidade e o valor da comunicação – através da linguagem – que dá corpo a essas instituições. Quem são os arquitectos portugueses? Como falam? Onde falam? Para quem falam? O conjunto de dez retratos que aqui se apresentam tem como objectivo demonstrar que os arquitectos não fazem só projecto, e que é essa presença física – a humanidade vulnerável do saber – que preenche o espaço social. Se a arquitectura em Portugal tem hoje um valor que não lhe era reconhecido há algumas décadas, esse valor é alimentado por um contributo colectivo que não se esgota no projecto, nem nos domínios da especialização. Estes rostos da profissão são fundamentais para que a profissão possa existir e tenha a relevância social a que todos aspiramos.
GUI CASTRO FELGA & PEDRO FIGUEIREDO, POLÍTICA URBANA
Conheceram-se nas actividades da plataforma Maldita Arquitectura, onde militaram pelos direitos dos arquitectos precários após a conclusão do curso. Ao contrário de muitos companheiros que foram forçados a emigrar, ou a prescindir da sua formação para conseguirem trabalho, Gui, Pedro e Isabel Pimenta repartem ocupações em part-time com visitas gratuitas à cidade, onde dão substância ao seu olhar político e arquitectónico: “The Worst Tours”.
“O pior tour do Porto” é uma promenade por uma cidade sem história e sem afidalgamento, a cidade esquecida que existe detrás da fachada do património global. O tour não é o pior por ser pior que os outros, mas sim por não mostrar “o melhor”, não mostrar o que é monumental, notável ou histórico. E o melhor deste pior é utilizar a inteligência da arquitectura. Caminhar pela cidade anónima e corrente, pela cidade sem um nome, precisa de passeantes educados, capazes de ler a permanência e de se emocionar com o comum e o humilde, precisa de arquitectos. Sem o olhar da arquitectura, esta cidade não seria anónima ou comum, seria invisível ou transparente. É um gesto político que devolve a polis à urbe e expande a civitas, devolvendo opacidade a partes tornadas invisíveis pela exclusão. Os itinerantes incógnitos e o itinerário variável garantem a eficácia recorrente desta viagem ao anónimo, à multidão e à cidade. E o pior tour do Porto torna a cidade um pouco melhor.
JM
LUCA MARTINUCCI, CONSTRUÇÃO DE IMAGENS
Italiano de Bérgamo, formou-se em arquitectura no Politécnico de Milão. Estudou em Lisboa, ao abrigo do programa Erasmus, cidade onde vive e trabalha há mais de dez anos. Após a colaboração com diversos escritórios, em 2010 fundou a 18:25 Empreiteiros Digitais, cuja gestão é partilhada com três sócios. Chamam ao que fazem “um laboratório para a construção de imagens de arquitectura”, em vez de uma simples firma de renders. Esta vertente experimental do seu trabalho é antes de mais garantida pelas suas competências de base como arquitectos, que facilitam uma compreensão plena daquilo que lhes é pedido para representar por meios digitais. E, também, através de um investimento e pesquisa intensivos em hardware e software, para dar melhor resposta às encomendas dos seus clientes. Assim, prestam serviços de “apoio ao projecto” através de tecnologias RTR (real-time rendering), permitindo ao arquitecto testar em tempo real várias hipóteses e parâmetros dos seus projectos. Desta forma, os “construtores de imagens” garantem um papel determinante na “fase efervescente” da concepção arquitectónica. Luca Martinucci reclama para o seu trabalho um legado renascentista, como se fosse uma oficina visual para os tempos de hoje que explora novas formas de o reino intangível das imagens ser posto ao serviço das questões concretas da arquitectura, para lá do fogo-fátuo da mera sedução.
DSL
GUIOMAR ROSA, MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA
O ramo da mediação imobiliária constitui uma possibilidade natural para os arquitectos aplicarem os seus conhecimentos profissionais. A experiência em concepção e execução de obra permite-lhes identificar com agilidade as diversas potencialidades e soluções de carácter patrimonial; a sua formação pode contribuir para uma mediação imobiliária mais sensível às particularidades espaciais, históricas e construtivas do edificado.
A arquitecta Guiomar Rosa é um exemplo dessa passagem de uma prática de atelier para uma agência imobiliária. Com actividade de projecto consolidada ao longo de mais de uma década no atelier [A] Ainda Arquitectura, fundado em 1998 com Luís Tavares Pereira, em 2011 foi convidada a colaborar na agência imobiliária Era. A maior parte do seu dia-a-dia é passada no exterior, nas ruas, tanto na procura de imóveis susceptíveis de entrarem no mercado, como em visitas com potenciais clientes, que tanto podem ser pessoas interessadas em adquirir pequenas parcelas, como investidores e promotores em busca de oportunidades de negócio.
No processo de angariação, o olhar do arquitecto é fundamental para reconhecer as qualidades da cidade e os edifícios que poderão vir a integrar a carteira de imóveis da agência. Neste âmbito, procura identificar os proprietários, analisar no terreno as condições dos edifícios em causa, perceber os seus constrangimentos legais, avaliar as suas potencialidades espaciais e definir o seu estado de conservação. Se este saber pode ter interesse para o ramo específico da mediação imobiliária, também constitui um contributo de qualificação das transacções patrimoniais para os muitos agentes envolvidos na transformação do território.
PB
PEDRO BORGES DE ARAÚJO, CONSTRUÇÃO
Este arquitecto é um globetrotter, divide o seu tempo entre Perafita e o Mundo. É administrador da Jofebar, empresa de serralharia de alto padrão, onde é responsável pelo mercado internacional. Com precisão matemática, diz que o seu trabalho é “50% baseado na formação como arquitecto e 50% baseado em economia e gestão”. Pedro e a sua equipa de nove colaboradores (cinco arquitectos) criam soluções originais de detalhe e produção de estruturas e fachadas metálicas, em estreita colaboração com clientes e gabinetes de arquitectura nos quatro cantos do planeta: David Chipperfield, Eduardo Souto de Moura, Isay Weinfeld, John Pawson, Kengo Kuma, Lacaton & Vassal, entre outros. Actualmente, acompanha projectos e obras na Europa (Estocolmo, Istambul, Nice, Turim), em África (Dakar), na América (Long Island, Nova Iorque, Cidade do México), na Ásia (Jacarta, Singapura, Seul), no Médio Oriente (Beirute, Dubai, Kuwait, Tel Aviv) e na Oceânia (Nova Zelândia). Ao longo dos últimos dez anos, as suas viagens profissionais incluíram muitos outros países. Pode dizer-se que o êxito além-fronteiras da empresa, que outrora actuava sobretudo em Portugal e Espanha, se deve a um fascínio próprio da profissão de arquitecto: viajar. Numa altura em que havia abundância de encomenda no mercado ibérico, este arquitecto tomou a iniciativa de explorar outras geografias. Além de procurar soluções técnicas adaptadas a cada projecto, a empresa é um relevante mecenas da cultura arquitectónica no panorama lusitano, patrocinando eventos, conferências, workshops e publicações.
PM
LUÍS OLIVEIRA SANTOS, ENSINO
O problema da arquitectura é, em grande parte, um problema de educação. Tal como aprendemos a ler e a escrever, podemos e devemos aprender a olhar e a compreender o espaço e as formas construídas. Não se trata de aprender a ser arquitecto, mas de aprender a ser. Um professor-arquitecto não é apenas um professor de geometria descritiva – uma figura simpática algures entre os trabalhos manuais e a educação física, depois das matérias sérias da matemática e das línguas estrangeiras –, é uma pessoa decisiva no universo intelectual de uma escola. Ser professor-arquitecto significa transportar para um espaço crucial da nossa sociedade – a escola – um saber e um potencial de compreensão do mundo que não se esgotam na competência técnica ou no conhecimento especializado.
Luís Oliveira Santos é professor do ensino secundário na região de Aveiro desde 1994. Após alguns anos de prática profissional ao serviço de uma instituição privada de solidariedade social, em que teve a oportunidade de intervir em creches, lares e outras instalações dessa instituição, incluindo o projecto de obras novas, sentiu como natural a sua dedicação exclusiva ao ensino. Sem ter chegado a constituir atelier próprio, e tendo enveredado pelo ensino por necessidade, encontrou no trabalho como professor a satisfação pessoal e o prazer da partilha do conhecimento. Em determinado momento colaborou com a Universidade de Aveiro como orientador de mestrandos na área das artes visuais, e teve a oportunidade de participar num projecto europeu de intercâmbio de professores, com partilha de experiências pedagógicas no âmbito do ensino das artes. Num momento em que a diversificação e a flexibilidade na oferta educativa tendem a crescer, a presença da arquitectura como elemento de extensão curricular tem conquistado oportunidades de se enraizar nas escolas.
A paisagem construída é a formalização – na forma física e na capacidade da sua percepção – da cultura de um povo, e a escola é um dos espaços decisivos para essa construção cultural.
AT
DUARTE BELO, FOTOGRAFIA
Este fotógrafo percorre o país a pé, incansavelmente. É uma promenade que advém mais do encontro e da revelação do chão imaculado, duro e ancestral, do que do artifício da mão humana e arquitectónica. Olha para a paisagem portuguesa com uma obstinação determinada a vincular o processo do registo ao registo da sua transformação. É uma relação com o espaço através da história, transversal à disciplina da arquitectura. Os seus trabalhos, por iniciativa própria ou por encomenda, permitem-lhe reencontrar o país na companhia do olhar de Orlando Ribeiro, reconhecer as linhas de caminho-de-ferro desactivadas, territórios em vias de submersão, como o vale do Tua ou o velho Guadiana e a sua transição para o novo Alqueva. Este conjunto de perspectivas permite-lhe construir, e oferecer-nos, um Horizonte Portugal. O seu trabalho alimenta a página de Internet www.horizonteportugal.org, “uma plataforma georreferenciada para a representação de Portugal, das suas paisagens, formas de povoamento e arquitecturas, pela fotografia”.
RM
JOSÉ CAPELA, TEATRO
Licenciado em 1995 pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, fundou em 2003 a companhia de teatro Mala Voadora, com Jorge Andrade, com quem partilha a direcção artística. Responsável pela cenografia nesta mesma companhia, trabalhou como cenógrafo para muitas outras, e divide a sua prática docente entre os cursos de Arquitectura e de Teatro da Universidade do Minho.
O seu trabalho de investigação – nomeadamente a sua tese de doutoramento, Operar Conceptualmente na Arte. Operar Conceptualmente na Arquitectura – e também a sua produção escrita – nomeadamente o catálogo de cenografia Modos de Não Fazer Nada – revelam um pensamento crítico no âmbito das artes despreocupado com a fixação das disciplinas e muito determinado em estabelecer relações expandidas a partir de qualquer tema. Esta ideia é perceptível na posição da companhia que dirige: “Acreditamos que o melhor que podemos oferecer em cada espectáculo é uma proposta de relação entre um determinado ‘tema’ e a especulação formal em torno do que pode ser ‘teatro’.”
O modo de entender o teatro numa perspectiva de especulação instável e com uma enorme capacidade para o seu desenvolvimento formal evidencia afinidades com aquela arquitectura que lhe interessa, uma arquitectura operativamente conceptual. Será o teatro uma caixa de experiências onde é possível ensaiar reflexões e relações entre o homem, o tempo e o espaço? Será o melhor lugar (suporte) para produzir espaço sem fazer nada?
ML
MATILDE SEABRA & ANA NETO VIEIRA, TURISMO CULTURAL
À medida que as instituições culturais ganham relevância na estrutura social do país, a compreensão das possibilidades e potencialidades da arquitectura também cresce. A formação destas duas arquitectas passou, em grande parte, pela colaboração no serviço educativo do Museu de Serralves. Em 2012 fundaram a Talkie-Walkie, objectivamente dirigida para o turismo cultural e arquitectónico, e que querem transformar numa espécie “serviço educativo ambulante”. Através da associação com instituições culturais, tornam possíveis viagens pelo território sob o olhar da arquitectura e conseguem dar a conhecer cidades, edifícios, paisagens, trabalho de artistas, literatura, e até gastronomia, a públicos variados. Os roteiros são normalmente feitos à medida, isto é, desenhados em colaboração com os viajantes, quase sempre estrangeiros, e de acordo com as suas expectativas. Proporcionam encontros com arquitectos, visitas à obra, acesso a casas privadas, mas também concebem e orientam workshops, oficinas e outras actividades participativas. Por exemplo, em parceria com o Museu do Douro, orientam um workshop onde se exploram as qualidades materiais do betão armado, e continuam a colaborar regularmente com Serralves em visitas-oficina articuladas com as exposições patentes no próprio museu, ou produzem os conteúdos da componente local de um encontro anual de Les Architectes-Conseils de l’État Français, ou ainda, em resultado da convocatória aberta “Espigar”, vão programar uma temporada de actividades na Rua da Madeira, no Porto, reclamando a vocação cívica da rua como espaço público. Nesta mediação de públicos faz-se muito mais do que ver e observar: vive-se, conhece-se e debate-se arquitectura, sempre em diálogo com os contextos em que ela se insere.
MP
RICARDO JACINTO, ARTE
Formado na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, Ricardo Jacinto tem transportado o seu saber para o território instável da arte contemporânea, e foi nesse campo que encontrou o espaço e a oportunidade para construir a sua própria “arquitectura selvagem”. Entre a performance, com particular destaque para a música, o desenho e, sobretudo, a instalação, são frequentes as pontes que estabelece entre o mundo da construção e os olhares inesperados que oferece a quem tem oportunidade de descobrir as suas obras. Se se diz que “a arquitectura é a mãe de todas as artes”, é natural que, para um arquitecto, a arte ofereça um mundo repleto de possibilidades. E se a arte é uma forma poderosa de representação e crítica social, então a experiência artística só pode devolver à cultura de projecto um olhar acutilante sobre aquilo que a constrói.
AT
VERA SANTOS SILVA, ALOJAMENTO LOCAL
Após a licenciatura em 2005, na Faculdade de Arquitectura da Universidade Lusíada de Lisboa, colaborou num gabinete de arquitectura de um promotor imobiliário francês, tendo participado em diferentes fases de projecto e acompanhamento de obra. Essa experiência profissional de três anos foi continuada em Lisboa por conta própria, em várias obras de remodelação de apartamentos e na construção de moradias. Paralelamente à actividade profissional, dedicou-se ao voluntariado na área social: fez uma formação em arte-terapia em Londres e coordenou ateliers terapêuticos da revista Cais. Perante o impasse da actividade como arquitecta, iniciou actividade na área do turismo, um sector cuja expansão tem criado novas oportunidades de trabalho. Abriu no Bairro Alto uma empresa de alojamento local para turistas e, actualmente, explora o aluguer de cinco apartamentos, cujo rendimento justifica a sua dedicação exclusiva e o entusiasmo que dedica à actividade. À medida que o panorama social da cidade se transforma, o olhar apurado do arquitecto é capaz de reconhecer as características e possibilidades que se oferecem na mediação entre o visitante e o património da cidade. Não se trata apenas de garantir a economia necessária e a qualidade do projecto de requalificação dos apartamentos para cumprir funções de acolhimento turístico, mas de ter uma leitura integrada da cidade, que não só oferece aos turistas melhores condições, como retribui à cidade usos qualificados e capazes de se articularem com as actividades locais.
IB
Este texto foi publicado no J-A 252, Jan–Abr 2015, p. 512–523.
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