Editorial
Este número assinala uma renovação do J–A. Queremos reagir positivamente a uma situação social complicada e demonstrar que a arquitectura e as suas múltiplas formas de conhecimento são úteis na transformação da sociedade. A estratégia editorial assenta em cinco pontos: (1) uma revista de actualidade, com assuntos decorrentes das dinâmicas da profissão; (2) uma revista não temática, ancorada numa grelha de secções com um corpo redactorial estável; (3) uma revista crítica, com uma consciência fundamentada na observação e análise da realidade; (4) uma revista económica, com estratégias de comunicação directas; (5) uma revista de arquitectura, em que o projecto, a obra e a transformação do território ocupam um lugar preponderante. Aqui e agora O J–A, publicado desde 1981, tem uma longa história que explica e justifica a sua autonomia editorial relativamente aos vários órgãos da Ordem dos Arquitectos (OA). Apesar de ser propriedade da OA, o J–A não é o seu “órgão de informação oficial”. O J–A é livre e é nesse sentido que tem como missão funcionar como garante da reflexão crítica, independente, sobre a prática profissional. Esta posição foi ganha e consolidada ao longo dos 31 anos de publicação regular e queremos prestar a devida homenagem às direcções anteriores que garantiram ao J–A um estatuto de relevo no nosso quadro cultural. É a esse legado que esta nova série do J–A se quer vincular. A direcção do J–A é atribuída por concurso e queremos agradecer a confiança depositada pelo júri na proposta que apresentámos para dar um novo fôlego à revista, de modo a não ser esta crise que nos faça prescindir, também, deste espaço de crítica, pensamento e debate que, com tanta dedicação, foi sendo construído. Esta revista quer reagir positivamente a uma situação social complicada e demonstrar que a arquitectura, a prática do projecto, da construção e as suas múltiplas formas de conhecimento, podem ser e são úteis e relevantes na transformação física, económica, social e cultural da nossa sociedade. Como revista produzida em Portugal, por e para arquitectos portugueses, é o contexto nacional que está sob a sua mira e atenção, embora isso implique uma atenção redobrada à sua articulação internacional. Esse foco local, por razões conjunturais óbvias, acentua a consciência de urgência com que estamos a trabalhar e faz-nos recordar um provérbio que Vítor Figueiredo gostava de citar: “O dinheiro para dois pães compra um pão e uma rosa.” A estratégia editorial que vamos adoptar nos próximos dois anos baseia-se em cinco pontos. Esperamos produzir (1) uma revista de actualidade, em que os assuntos são tangíveis e decorrentes das dinâmicas contemporâneas da profissão, privilegiando a reportagem, em detrimento do ensaio, e procurando ler o mundo a partir da arquitectura; (2) uma revista não temática, ancorada numa grelha de secções, com um corpo redactorial sintonizado, capaz de oferecer ao leitor uma forma estável e identificável; (3) uma revista crítica, com uma consciência fundamentada na observação e análise da realidade, capaz de propor caminhos alternativos e confrontar ideias; (4) uma revista económica, com estratégias de comunicação directas e práticas de publicação de conteúdos seleccionados; (5) uma revista de arquitectura, em que o projecto, a obra e a transformação do território ocupam um lugar preponderante. A ausência de um tema específico por número, uma coisa a que nos tínhamos habituado nas últimas séries do J–A, é uma das principais novidades. A escolha dos conteúdos e assuntos de cada número responderá a temas de actualidade, projectos ou obras que estejam a ganhar forma, ou a tantos outros temas com que nos cruzamos em conversas quotidianas. A revista está organizada em secções, com uma primeira parte focada em projectos e obras, uma secção de discurso directo e com foco na palavra, e uma segunda parte focada em crítica de práticas que, de uma forma ou de outra, envolvam a arquitectura. A revista ostentará uma expressão austera, mas poderosa. Optámos, sem vacilar, por imprimir a revista a preto e branco. E, com esta escolha, pelo grão da fotografia, pelo cunho da tipografia e pelo timbre do jornalismo. A versão inglesa dos textos, cada vez mais reclamada, está disponível on-line, para que não pese na componente maior do orçamento da revista, que é a impressão e distribuição. Por isso, vamos ter margem para imprimir a revista bem, para ter qualidade, para recorrermos a fotógrafos que, também eles, nos vão ajudar a construir uma leitura mais clara e mais prospectiva sobre a realidade. Analisar e criticar, no sentido amplo e prospectivo do termo, serão as actividades que vamos privilegiar, ao invés do sentido de divulgação e reflexão teórica que tem sido adoptado nos últimos anos. Queremos construir uma revista de arquitectura dando a palavra aos arquitectos e utilizando a sua prática para construir um olhar disciplinar sobre o mundo em que vivemos e que queremos transformar. Acabaram os temas, venha a realidade. A Direcção do J–A
Este texto foi publicado no J-A 246, Jan — Abr 2013. |